quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ana Metal

Artista plástica e performer, nasceu em Montemor-o-Novo, onde residiu até à data da sua morte.
Fez-se rebentar numa gruta, sobre uma rede de fios pretos que constituíam uma mina anti-pessoal, filmando o evento, deixando assim a sua última obra para a posteridade.
Deixou-se espalhada pelas paredes da gruta, assombrando para sempre quem ali passasse.
Do chão ao tecto, cerca de 50 cm de altura ficarão para sempre pintados de vermelho e carne.
A gruta continuava, até ontem, a ser a única passagem para o outro lado da cidade, e a ausência de luz elétrica pela noite estava a separar os habitantes.
A solução encontrada para acabar com o pesadelo que se estava a viver, foi acordar-me...

6 de Novembro de 2013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cabeça

Cabeça, Filho da Mãe, 2013

Cabeça é o nome do último álbum do Filho da Mãe, que nos chega às mãos em Novembro.
Cabeça é tudo aquilo de que falamos todos os dias, vezes sem conta. É por ela que fazemos ou não fazemos, é ela que dita como o fazemos, e é causa e consequência de tudo o que de bom ou mau nos acontece.
De trás para a frente, de cima para baixo, a vida vai correndo, boa ou má, como uma impressão inesperada de um desejo expresso há muito tempo. Esse desejo dá frutos, poucas vezes controlados.
"Cabeça" esperou 3 anos para para surgir na cabeça do Rui. Esperou tanto, que só nos dias de gravação é que decidiu aparecer. Porque a cabeça quando é obrigada, fabrica, mesmo que seja de trás para frente e de cima para baixo.
O que hoje nos aparece ao contrário, amanhã pode estar correcto. É só olhar com amor e vontade.

Do Gerês a Montemor-o-novo, do Algarve à Madeira, a cabeça esteve sempre lá, a olhar para as coisas, a sentir os cheiros e a dar espaço ao peito para sentir o ar.
"Cabeça" é para se ouvir com tempo, sem interrupções, a não ser aquelas que a cabeça ditar.

Cabeça, água tinta sobre zinco. Cláudia Guerreiro, 2013. Fotografia de Paulo segadães. Design gráfico de Sérgio França.




domingo, 9 de junho de 2013

Marsupial

Em dias de gravação exaustiva, remexe-se em coisas antigas. Este foi feito a propósito do Marsupial.



quinta-feira, 2 de maio de 2013

CASULO

Conheci a Márcia há coisa de dois anos.
Não me lembro como aconteceu, mas não aconteceu como seria de supôr, na Faculdade de Belas- Artes, onde chegámos a partilhar professores e salas de aula. E embora tivéssemos amigos comuns, esperámos mais de 7 anos até que o encontro acontecesse. A amiga comum chama-se Teresa Cortez, e conhecíamo-nos desde os 17. Depois de fazermos a faculdade juntas, a vida acabou por nos levar por caminhos e vivências diferentes, até que a Márcia nos decidiu juntar num mesmo tacho, para cozinharmos a capa do seu CASULO.
Eu fiquei incumbida de desenhar científicamente o casulo e tudo o que fosse linha e ponto, a Teresa faria tudo o que fosse cor.
O resultado é o que podem ver aqui. E, não querendo parecer tendenciosa (porque nestas coisas não o sou), acabou por resultar numa das capas mais bonitas que vi nos últimos tempos.
A simplicidade e o erro provaram estar correctos!
Quanto ao album, vão poder vê-lo, comprá-lo e ouvi-lo ao vivo e a cores no Cinema São Jorge, no dia 14 de Maio.
Não posso deixar de agradecer à Márcia pelo convite desafiante :).

(E isto é só a capa, porque lá dentro há mais!)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Em Valongo dos Azeites somos todos filhos da mesma mãe

E pensar que se tivesses nascido aqui, não eras metade do que és hoje.
Aqui, por trás dos montes, onde os homens choram como as mulheres, onde as mulheres trabalham como os homens, onde o vinho se faz com o que traz da terra sem se fazer acompanhar de nada. Sem cristais nem aditivos. Aqui, onde o vinho é doce e o bagaço assusta. Não haveria espaço para pensares sequer numa alternativa. Serias homem do campo e na mesma andarias a cavar com as mãos. As mesmas mãos com que já cavaste e que hoje prezas um pouco mais, mas não muito.
Mandarias todos à merda assim que passasse o primeiro desconto, aquele que se dá quando ainda não se conhecem as pessoas, e ainda se tem uma esperança que elas possam ser melhores do que aparentam.
Mandarias todos à merda, e talvez não tivesses lugar aqui. Porque o que és hoje permite-te mandares quem quiseres aonde quiseres.
Se tivéssemos todos nascido aqui, não seríamos senão homens e mulheres da terra, alguns, mas poucos, capazes de se inspirar com o cheiro do ar e da terra. Teríamos os problemas do vizinho enquanto nos esquecíamos de nós.
Hoje somos mais egoístas.
Somos mais nós e mandamos à merda quem se intrometer.

terça-feira, 12 de março de 2013

Pus as ilustrações à venda

Na verdade não são as ilustrações que estão à venda, mas sim prints das ilustrações. Em breve estarão lá mais coisas, e em mais suportes. Para já, os portes são gratuitos até dia 17 de Março, por isso é aproveitar!
http://society6.com/ClaudiaGuerreiro?promo=caf8cc
Se tiverem sugestões de coisas do blog que queiram ver lá à venda, chutem! :)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Bazar das especiarias

Quando decidimos ir a Istambul, eu, o Pef, a Catarina e o Pedro, definimos logo à partida o que queríamos desenhar. Eu sabia que queria desenhar mercados.
Estava fascinada com as cores das especiarias, dos tecidos, com a organização ortogonal de todos os produtos (algo que os Espanhóis têm, mas que nós, Portugueses, parecemos desprezar - a boa apresentação das coisas).
Infelizmente, quando cheguei, deparei-me com uma movimentação louca nos mercados, nas ruas, enfim, em tudo o que fosse comércio, e em Istambul tudo é comércio. Quando há uma loja de música, há dez à volta! Neste caso, na parte exterior do mercado das especiarias, pequeno Bazar ou Bazar das especiarias, onde se comercializam os produtos rurais, enquanto uns desenhavam sanguessugas, eu desenhava o amontoado de linhas na zona dos aviários.
Ficaram por desenhar as especiarias, e o interior dos bazares. Não se conseguem ver as coisas sem levar um empurrão, quanto mais desenhar... Entra-se por uma porta, sai-se pela outra sem parar, a não ser que haja negócio a fazer!...
Hei-de voltar pela 3ª vez.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lemon Curd

A receita não é minha, e também não é da minha tia. E também não é a única receita de Lemon Curd. Mas esta foi ela que ma ensinou, e me habituou a comer nas torradas com manteiga. Também fica bom com requeijão!
Basicamente, trata-se de uma pequena bomba de limão, ovos, açúcar e manteiga. É incrivelmente viciante.
Estou a fazê-los por encomenda, por isso, se houver interessados por Lisboa, falem comigo.
Deixo aqui o meu e-mail: claudiacruzguerreiro@gmail.com e o facebook: http://www.facebook.com/claudiacruzguerreiro


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Canibalismo

Qualquer ideia é um bom pretexto para se trabalhar, mesmo que o fruto do trabalho pareça brincadeira.
Às vezes, as brincadeiras acabam a ser o nosso trabalho mais sério, talvez porque a estupidez seja o que nos é mais natural!
Costumo dizer, com pouco orgulho e muita preguiça, que sou uma inútil no que respeita a tecnologia aplicada às artes. Pouco orgulho, pelas razões óbvias; preguiça, porque me recusei até aqui ( e recusarei nos tempos mais próximos) a aprender a trabalhar com programas de computador como o Illustrator e afins, ferramentas, como se sabe, indispensáveis a quem pretende arranjar trabalho como ilustrador.
O ponto alto da tecnologia na minha vida, enquanto ilustradora, é a utilização de uma pen tablet, que uso de uma forma muito rudimentar. A verdade é que eu gosto de linha. Linha preta, de preferência. E, na falta de um scanner, nada melhor que poder desenhar directamente no ecrã. Simples e directo.
Há tempos, o Ricardinho desafiou-me a fazer uma série de ilustrações com ele sobre o tema Canibalismo, com o intuito de fazermos uma mini publicação a duas cores. Claro que não aconteceu nada disso, mas a motivação inicial (ou o fogo no cú, como muitos lhe chamam) levou-me a fazer algumas ilustrações com a pen tablet.
O resultado foi este que aqui se vê.

 

 

E a verdade é que sabe bem fazer por fazer.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Composições para Sebastião

Nunca fui muito dada à ilustração infantil, talvez por me ser difícil a representação humana em modo boneco, e assim que me propus fazê-lo senti um arrepio na espinha.
Fosse pela proximidade ou por conhecer os gostos artísticos dos pais do referido Sebastião, seria difícil não os desapontar. Mais fácil será agradar o próprio Sebastião, que, assim que passar as suas primeiras horas no seu novo quarto, assumirá aquele como o seu novo mundo, tenha ele ou não uns desenhos na parede.
É a primeira vez que estou a fazer ilustrações para um quarto de uma criança, e percebo agora que se trata da nossa ideia de conforto, da ideia que fomos construindo, e que nos ajudaram a construir, até chegarmos a pais. Não se trata da ideia de conforto do recém-nascido, que só agora começa a construir imagens na sua cabeça, caso contrário pintaríamos o quarto de preto, ou vermelho escuro, ou o que quer que se pareça com o interior de uma barriga materna, onde se acomodou nos últimos nove meses.
Espero que o Sebastião não se assuste com um bando de animais selvagens a cair de pára-quedas no seu novo quarto! É o modo querido que temos de lhe dizer que vivemos numa selva, e que a selvajaria dos animais é capaz de ser mais justa que a nossa....
(E assim me escapei à representação humana!)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Istambul - a caminho do mar negro


Podia ser o Tejo.
Porque, na realidade, o Bósforo tem algumas semelhanças com o Tejo. Claro que no Tejo se navega, essencialmente, de uma margem para a outra, enquanto que no Bósforo o caos reina em todas as direcções.
Mas o rio faz parte de Istambul, como o faz em Lisboa.

Não consigo olhar para este desenho sem pensar na chegada a Cacilhas em dias de chuva.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Meios termos


Seria mais fácil ser uma pessoa de meios termos. Não sou. Não sei ser, não me é natural.
Também seria mais bonito falar através de metáforas. Mas gosto do literal. Deixa menos margem para interpretações. Também é verdade que é menos poético, mas não temos todos que ter essa qualidade de encantar os outros com o que fazemos, dizemos ou escrevemos. Por isso há que estar preparado para ler aqui uma coisa feia ou estilísticamente pouco interessante - embora não acredite que alguém venha aqui para ver exercícios de escrita.
Mas voltando aos meios termos, a verdade é que não sei funcionar sem ser muito próxima dos extremos. E quando caio no erro de o tentar (porque às vezes é mesmo preciso), o resultado é quase sempre mau porque não o sei fazer... então tento fazê-lo à imagem de alguém, geralmente de alguém em quem confio nesses "meios termos". Pior ainda! Estou a ser outra pessoa, e tudo corre bem se tudo correr bem, mas tudo corre mal se a coisa for por mau caminho. Porquê? Porque estando eu a ser outra pessoa, na altura em que a coisa me fugir do controle não saberei reagir, argumentar, ou o que for preciso fazer.

Algumas metáforas para animar as hostes:

Sou um oito e um oitenta, e uma nulidade enquanto trinta e seis.
A apatia é uma fuga para lado nenhum e uma solução que nem aos outros serve.
Precisava de um relâmpago nos cornos para me dar um rumo e ter vontade! Está visto que uma palmadinha nas costas não resolve nada... é só um meio termo simpático que não cria ondas, ninguém se afoga nem luta pela vida, mas também não navega para lado nenhum.
É boiar no mar morto...

Hoje está de chuva. Com jeito, cai um relâmpago!